Estudo aponta que situação da Covid-19 tende a se agravar em Londrina

Previsão foi feita durante reunião pública da Câmara Municipal, promovida por três comissões da Casa, sendo coordenada pela Seguridade Social, presidida pela vereadora Lenir de Assis
Lucas Ferrante (em primeiro plano). Foto: CML/Divulgação.

"Avaliação da pandemia de Covid-19 no município de Londrina, estado do Paraná, medidas necessárias para controle da pandemia." Esse é o tema de uma reunião pública, realizada ontem (dia 19) pela Câmara Municipal. A reunião foi coordenada pela vereadora Lenir de Assis (PT), presidente da Comissão de Seguridade Social. A promoção é conjunta com a Comissão de Educação, Cultura e Desporto; e a Comissão Especial de Acompanhamento do Plano Municipal de Vacinação Contra a Covid-19. A demanda para a apresentação do estudo veio da Associação dos Professores do Paraná (APP-Sindicato).

O pesquisador Lucas Ferrante, doutorando pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ressaltou que além do instituto, o estudo tem participação de pesquisadores das universidades federais de Minas Gerais (UFMG), do Amazonas (UFAM) e de São João Del Rei (UFSJ). Ele explicou que a pesquisa considera diversas variáveis a partir do índice de mobilidade urbana e o número de pessoas susceptíveis, expostas, infectadas e recuperadas. “A situação de Londrina deve se tornar pior até junho, com média de 20 mortes diárias, se nenhuma medida for tomada”, previu o pesquisador.  Os índices de mobilidade urbana são disponibilizados pelo Google a partir dos celulares de todo o país, podendo ser obtidos dados por estados e municípios.

Os resultados da pesquisa foram publicados em revistas científicas de reconhecimento internacional como Nature Medicine e Scientific Reports, entre outras. Para a publicação, é necessária a avaliação realizada às cegas, ou seja, o avaliador do trabalho não sabe quem são os autores da pesquisa. Além disso, essas publicações são avaliadas por pares, quando a revisão é feita por especialistas da mesma área e com titulação acadêmica. Isso ajuda a garantir a qualidade dos trabalhos científicos publicados.

Não retorno às aulas presenciais

Lucas Ferrante disse que a medida mais eficiente é o confinamento para reduzir a circulação de pessoas e, portanto, a circulação do vírus. “Londrina precisa de um lockdown de 21 dias. Não tem outra saída nesse momento.” Ele diz que a redução da mobilidade urbana deve ser de até 90%. Para ele, o retorno das aulas presenciais é um fator que deve agravar a pandemia em Londrina e sugere que as aulas híbridas sejam suspensas. Ele afirmou que as crianças têm carga viral igual a dos adultos e transmitem tanto quanto, mesmo quando assintomáticas. Ele concluiu que retorno seguro das aulas presenciais não existe.

O pesquisador também apontou que os protocolos de retorno não são seguros e que estudos da Universidade de São Paulo mostram que as máscaras de pano - o tipo mais usado no ambiente escolar - não são adequadas. Para ele, se a pandemia estiver sob controle e a reabertura com quebra de isolamento ocorrer antes de 60 dias, a localidade voltará à situação pandêmica. “Estudos internacionais nas melhores publicações mostram que a medida mais eficiente é o fechamento de escolas e universidades. Essa medida supera todas as outras juntas.”

O pesquisador lembrou que a escola é um dos lugares mais propícios para a transmissão comunitária, porque a comunidade escolar passa muito tempo no estabelecimento, usa o transporte público e as salas de aula não têm a renovação de ar necessária para evitar a transmissão do novo coronavírus. Isso sem contar o uso de máscaras inadequadas. “É inviável o retorno presencial, inclusive das escolas particulares, antes dos níveis de vacinação de 70% da população”, disse. “Diversas variantes novas estão sendo detectadas pelo Brasil.” Há novas variantes em Belo Horizonte e Rio de Janeiro, por exemplo. O Brasil já tem registro da variante indiana.

Salvar vidas

A vereadora Lenir de Assis lembrou que o índice de ocupação de leitos em Londrina é preocupante, porque revela a saturação do sistema de saúde, levando pessoas em situação grave a esperar em fila. Ela listou, ao final da reunião, os temas abordados: vacinação para o maior número de pessoas, o não retorno das aulas presenciais, o transporte coletivo, plano de contingência para enfrentamento da Covid-19, o uso de máscaras, o distanciamento social. “Vamos continuar observar a produção da ciência para nos orientarmos”, disse a vereadora. “Essa casa, certamente, vai tomar as medidas necessárias, com base nos dados aqui apresentados, para salvar o maior número de vidas.”

A vereadora Lenir de Assis.

Entre os participantes da reunião pública o presidente da APP Sindicato Núcleo de Londrina, Márcio André Ribeiro; a promotora de Justiça da 24ª promotoria de Justiça, Susana de Lacerda; o reitor da Universidade Estadual de Londrina, Sérgio Carvalho; a superintendente do Hospital Universitário, Vivian Feijó; o diretor Técnico do Hospital Evangélico, Rodrigo Pereira Bettega; o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Lincoln Ramos da Silva. Entre os vereadores, Ailton Nantes (PP) e Eduardo Tominaga (DEM), as vereadoras Flávia Cabral (PTB), Sonia Gimenez (PSB) e Mara Boca Aberta (PROS).

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