Estudo aponta que situação da Covid-19 tende a se agravar em Londrina
O pesquisador Lucas Ferrante, doutorando pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ressaltou que além do instituto, o estudo tem participação de pesquisadores das universidades federais de Minas Gerais (UFMG), do Amazonas (UFAM) e de São João Del Rei (UFSJ). Ele explicou que a pesquisa considera diversas variáveis a partir do índice de mobilidade urbana e o número de pessoas susceptíveis, expostas, infectadas e recuperadas. “A situação de Londrina deve se tornar pior até junho, com média de 20 mortes diárias, se nenhuma medida for tomada”, previu o pesquisador. Os índices de mobilidade urbana são disponibilizados pelo Google a partir dos celulares de todo o país, podendo ser obtidos dados por estados e municípios.
Os resultados da pesquisa foram publicados em revistas científicas de reconhecimento internacional como Nature Medicine e Scientific Reports, entre outras. Para a publicação, é necessária a avaliação realizada às cegas, ou seja, o avaliador do trabalho não sabe quem são os autores da pesquisa. Além disso, essas publicações são avaliadas por pares, quando a revisão é feita por especialistas da mesma área e com titulação acadêmica. Isso ajuda a garantir a qualidade dos trabalhos científicos publicados.
Não retorno às aulas presenciais
Lucas Ferrante disse que a medida mais eficiente é o confinamento para reduzir a circulação de pessoas e, portanto, a circulação do vírus. “Londrina precisa de um lockdown de 21 dias. Não tem outra saída nesse momento.” Ele diz que a redução da mobilidade urbana deve ser de até 90%. Para ele, o retorno das aulas presenciais é um fator que deve agravar a pandemia em Londrina e sugere que as aulas híbridas sejam suspensas. Ele afirmou que as crianças têm carga viral igual a dos adultos e transmitem tanto quanto, mesmo quando assintomáticas. Ele concluiu que retorno seguro das aulas presenciais não existe.
O pesquisador também apontou que os protocolos de retorno não são seguros e que estudos da Universidade de São Paulo mostram que as máscaras de pano - o tipo mais usado no ambiente escolar - não são adequadas. Para ele, se a pandemia estiver sob controle e a reabertura com quebra de isolamento ocorrer antes de 60 dias, a localidade voltará à situação pandêmica. “Estudos internacionais nas melhores publicações mostram que a medida mais eficiente é o fechamento de escolas e universidades. Essa medida supera todas as outras juntas.”
A vereadora Lenir de Assis lembrou que o índice de ocupação de leitos em Londrina é preocupante, porque revela a saturação do sistema de saúde, levando pessoas em situação grave a esperar em fila. Ela listou, ao final da reunião, os temas abordados: vacinação para o maior número de pessoas, o não retorno das aulas presenciais, o transporte coletivo, plano de contingência para enfrentamento da Covid-19, o uso de máscaras, o distanciamento social. “Vamos continuar observar a produção da ciência para nos orientarmos”, disse a vereadora. “Essa casa, certamente, vai tomar as medidas necessárias, com base nos dados aqui apresentados, para salvar o maior número de vidas.”
A vereadora Lenir de Assis. |
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