Morre Zelic, pesquisador que tornou públicas as violações do regime militar

 


Na sessão da Câmara Municipal, de ontem (09/05), a vereadora Lenir de Assis (PT), prestou homenagem, no grande expediente, ao pesquisador Marcelo Zelic, falecido na segunda-feira, (08/05).  

"A brutalidade sangra não só o Brasil Indígena, nos atinge a todos e todas. Quebrar o ciclo da repetição da violência do Estado contra os povos indígenas e seus direitos constitucionais, seus territórios, culturas, organizações sociais e representativas, é hoje tarefa das mais importantes, sem a qual não existe o Estado Democrático de Direito, tampouco futuro sustentável," Marcelo Zelic.

Leia a íntegra da sua fala:

Ontem, 8 de maio, morreu Marcelo Zelic, pesquisador, ativista dos direitos humanos e dos direitos indígenas. Acima de tudo um grande militante pela preservação da memória, verdade e justiça como mecanismo para interromper violências cometidas pelo Estado. Violências que continuam sendo repetidas, cotidianamente.

Para um país como o Brasil, que ainda não enfrentou os crimes cometidos pela Ditadura Militar, Marcelo Zelic tem um papel emblemático no resgate de sua história mais trágica. Convicto de que a memória histórica de um país é o instrumento para fortalecimento de sua democracia, Zelic não poupou esforços para trazer à tona as graves violações cometidas pelo regime militar. Violações contra o povo brasileiro e, especialmente, os indígenas.

Toda sua trajetória foi marcada por esta luta. Um trabalho de pesquisa incansável, grande sensibilidade humana e luta pela democracia resultaram em centenas de milhares de documentos que denunciam a tortura contra a população em geral, e o extermínio de povos indígenas. Zelic recuperou e tornou público estes materiais em projetos como as plataformas digitais Armazém Memória e Brasil Nunca Mais Digital. O Relatório Figueiredo, produzido entre 1967 e 1968, traz as violações aos povos originários na ditadura.

Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, membro da Comissão Justiça e Paz, coordenador do projeto Armazém Memória, na última década a atuação de Zelic estava centrada na reparação histórica dos povos originários.

Ele foi um dos defensores da inclusão das violações contra os indígenas nas investigações da Comissão Nacional da Verdade. Desenvolveu com a InfoAmazonia os projetos Memória Interétnica e a plataforma Cartografia dos Ataques Contra Indígenas (CACI).

Atualmente, lutava pela criação de uma Comissão Nacional da Verdade dos Povos Indígenas.

Marcelo Zelic deixa um grande legado na luta pela verdade, liberdade, justiça e fortalecimento da nossa democracia.

Marcelo Zelic, presente.





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