Projeto “Sacolas Camponesas” surgiu da necessidade de gerar renda

Atualmente, cerca de 100 sacolas são entregues em Londrina, por semana; confira a experiência das mulheres camponesas do Assentamento Eli Vive na série "Solidariedade da Nossa Gente”
Fotos: Assentamento Eli Vive.

“O objetivo era gerar renda, trazer mais autonomia para as companheiras do assentamento, garantir a organização para dinamizar o processo [desde o plantio até a venda] Com a criação das sacolas camponesas, conseguimos isso.” Sandra Ferrer, a Flor, coordenadora Executiva da Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive, refere-se ao projeto “Sacolas Camponesas”, que qualificou a produção das mulheres do assentamento, que fica no distrito rural de Lerroville, em Londrina.

O projeto teve início em 2016 e contou com a parceria da Universidade Estadual de Londrina (UEL), por meio da professora Eliane Tomiasi Paulino, do Departamento de Geociências, do Centro de Ciências Exatas (CCE). Flor afirma que o projeto de extensão da UEL ajudou as produtoras rurais a pensar o processo desde a produção até a comercialização dos produtos livres de agrotóxicos. 

Ela lembra que as produtoras começaram a plantar nos chamados quintais produtivos, ou seja, nas hortas tradicionais para consumo das próprias famílias. Com o tempo, aumentou a produção e houve questionamento do que fazer com o excedente de verduras. Nesse contexto, surgiu a necessidade de gerar renda com os produtos e a criação da Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento impulsionou a iniciativa. “Hoje, temos cerca de 100 sacolas entregues em Londrina, por semana.”

Com a pandemia de Covid-19, causada pelo novo coronavírus, Flor comenta que houve a necessidade de criar outra dinâmica para a comercialização das sacolas, a partir de estratégias online, incluindo as redes sociais. “As sacolas nos trouxeram isso, o aprendizado, de como nos organizar, qualificar produtos”, afirma. “A partir do momento que o projeto deu certo, as companheiras do assentamento – acreditando no coletivo – começaram a vir a se associar.”

A associação das mulheres conta, atualmente, com um veículo (uma kombi), para realizar a entrega das cestas aos consumidores cadastrados. No entanto, ela lembra que a Komki não está sedo suficiente para fazer o transporte. A partir de uma emenda da deputada Gleisi Hoffmann (PT), a associação conseguiu um veículo maior. “O caminhãozinho já chegou. Está na prefeitura. Estamos com toda a documentação encaminhada. A gente está crescendo e qualificando as camponesas cada dia a mais.”

A universidade

“A UEL fez o projeto acontecer”, afirma Flor, destacando o papel da universidade no fomento à produção das mulheres camponesas. Para a líder comunitária, a UEL foi essencial. “Nós conseguimos, a partir da universidade, desenvolver toda a nossa dinâmica.” Ela diz que o projeto de extensão universitária qualificou as companheiras do assentamento, com formação desde a produção até a comercialização dos produtos. “Foi um projeto que nos qualificou. O projeto acabou no papel, mas atuamos até hoje, a partir do que foi nos ensinado.”

Flor afirma que, no início, as sacolas eram compostas por itens fixos, mas que - atualmente - o consumidor compõe a sua própria sacola. “A gente diversificou. É possível montar a sua cesta, escolher os produtos que interessa. O valor varia de acordo com os produtos escolhidos.” Ela informa que há companheiras no assentamento certificadas na produção livre de agrotóxico. “Mostramos para a sociedade que é possível fazer a reforma agrária, trabalhar com a agroecologia. É um orgulho para mim, que comecei essa proposta, ver que temos produtos certificados como orgânicos, sem veneno.”

Os pedidos são abertos em um formulário online para a entrega aos sábados em dois endereços: rua Goiás, nº 1.310 (Terrara Alimentos) e na rua Rio de Janeiro, nº 1.278, no Centro Público de Economia Solidária. Para fazer o pedido, na próxima semana, acesse o formulário AQUI.

DESTAQUE
Flor (foto ao lado), coordenadora Executiva da Associação das Mulheres Camponesas do Assentamento Eli Vive.
“Quero destacar o dinamismo que o projeto [da UEL] nos deu, nós mulheres camponesas, para evoluir na nossa vida, no dia a dia. Projetos que incentivam a comercialização, a produção, que qualificam a companheira. Para nós mulheres não é fácil, imagine para a mulher camponesa da reforma agrária. Quando chegam oportunidades assim, agarramos com força e nos dedicamos. O resultado está aí: hortas com km de alface, almeirão, cenoura. A partir das sacolas, estamos entregando na merenda escolar pelo PNAE, ampliando com a panificadora em construção. Destaco a importância da universidade no nosso território, que nos traz conhecimento.” 

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