Reunião debate a importância das disciplinas de humanidades

A vereadora Lenir de Assis participou da coordenação da reunião, pela Comissão de Seguridade Social

Discutir a redução da carga horária das disciplinas de Sociologia, Filosofia e Arte na rede estadual do Paraná. Este é o objetivo de uma reunião, realizada nesta sexta-feira, dia 19, pela Câmara Municipal de Londrina. A reunião foi coordenada pela presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto, a vereadora Flávia Cabral; e a presidente da Comissão de Seguridade Social, vereadora Lenir de Assis. A reunião foi provocada pelo Coletivo Estadual Humanidades, a partir de documento protocolizado à Câmara, pela professora Vani Espirito Santo.

As disciplinas da chamada área de humanidades tiveram uma redução de 50% de sua carga horária, em determinação da Secretaria de Estado da Educação. Para a vereadora Lenir de Assis, a proposta do Governo do Paraná é evidente. “Reduzir disciplinas que estimulem o pensamento, desenvolvam o senso crítico e formem cidadãos capazes de refletir sobre a própria realidade”, afirmou a vereadora.

Para a professora de Arte Claudia Posso Moreno, do município de Goioerê, que integra o Coletivo Estadual Humanidades, haverá uma perda significativa para os estudantes da rede estadual, principalmente para os do interior, que têm pouco acesso a bens culturais. Além disso, a proposta padroniza o ensino desconsiderando realidades locais. “A riqueza cultural do estado precisa ser respeitada.” Professores reclamam que o estado não ouviu a comunidade escolar, impondo a redução da carga horária de forma arbitrária.

O professor de Sociologia e Filosofia em Londrina Rogério Nunes, diretor da Associação de Professores do Paraná (APP-Sindicato), lembrou da condição de trabalho do professor. Com jornada de 40 horas semanais, a redução da carga horária vai obrigar o trabalhador a assumir turmas em mais colégios, com mais alunos, comprometendo a qualidade das aulas. Ele pediu empenho da Câmara de Vereadores de Londrina para a pauta da educação.

Abismo

O professor Jester Furtado (foto), fundador do Fórum de Combate ao Racismo-Araucária, destacou que a sociedade atual vive a era da informação. “Não é apenas o conhecimento, mas o que fazer desse conhecimento”, afirmou o professor. Segundo Furtado, a redução da carga horária aumentará o abismo entre a escola pública e privada. “A quem interessa aumentar essa diferença [entre os dois sistemas]?”, questiona.

A professora Renata Schlumberger Schevisbiski, chefe de Departamento de Ciências Sociais, do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH) da UEL, apresentou o trabalho realizado na universidade na perspectiva da formação do professor de Sociologia. São programas de ensino, de iniciação científica, de extensão e de pós-graduação em níveis de mestrado e doutorado. Para ela, duas horas aulas semanais são a garantia institucional das ações na universidade. “Nós tememos que essa redução implique na descontinuidade desse trabalho [no ensino superior]”.

Além do Coletivo Humanidades, do Departamento de Ciências Sociais da UEL, da Associação de Professores do Paraná - Sindicato Londrina, participaram da reunião representantes do Departamento de Artes Visuais da UEL, e vereadores membros das comissões de Educação, Cultura e Desporto, e Seguridade Social.

Moção de apoio

Ao final da reunião pública, os vereadores das duas comissões aprovaram a indicação de Moção de Apoio ao movimento das humanidades no Paraná, pelo retorno e manutenção da carga horária de Sociologia, Filosofia e Arte. O documento será apresentado à Assembleia Legislativa do Estado do Paraná, ao Palácio do Iguaçu e à Secretaria de Estado da Educação.

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